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Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

30.Mar.16

Um dia complicado

Acordei primeiro que o despertador, o que é uma coisa rara. Sorte a do Oscar que mal eu subi o estore se disponibilizou para ir atrás da bola que tinha escolhido para hoje.  

Fui almoçar a casa da minha avó. Pusemos a conversa em dia, contou histórias de pessoas que mal conheço e tirei uma foto às orquídeas dela para partilhar no Facebook . A minha avó diz que é preferível eu partilhar fotos das suas flores do que de animais que não são meus. Ela não tem Facebook mas a minha tia vai-lhe dizendo umas coisas.

Quando lhe disse que gravei um programa de rádio ela disponibilizou-se para o ouvir. Na altura que disse que não passei música portuguesa ela fez-me um mesmo olhar desapontado que faz quando me fala que está na altura de constituir família.   

Cheguei a casa e aparece-me o filho de 5 anos do meu vizinho de cima com uma bola na mão. Começamos a jogar à bola no jardim e o Oscar decidiu também entrar. Já espumava da boca mas não queria parar, talvez pensado que se fosse parar ao céu canino estariam 72 bolas virgens à espera. Pela saúde do cão paramos o jogo.

O filho do meu vizinho, não satisfeito, entra dentro da minha casa e usa o meu computador para ouvir músicas do Agir. O tipo tem uma música de nome “Deixa-te de merdas” e o miúdo começa a dançar e a cantarolar a letra que sabia quase de cor. Agora o Youtube vai começar a sugerir que eu volte a ouvir o raio do Agir. Entretanto aparece a mãe com a filha de um ano que a puxa em direção da minha casa. Tão pequena e já ganhou o hábito familiar de invadir a minha casa.

A mãe e filha foram à farmácia e o miúdo insistiu em ficar. Fomos novamente jogar à bola mas já sem o Oscar. Um remate colocado embateu no meu pé, fez riverdance e foi parar à vizinha do lado. Fomos pedir a bola e a vizinha exclamou que há muito que não recebia a visita do miúdo. Ele disse que ainda há pouco tempo tinha lá estado. Das duas uma, ou a senhora, que já tem uma certa idade, já não se lembra ou então saltou o muro para ir buscar a bola.

A mãe acabou por chegar e eu finalmente fiquei livre. Livre mas com um chinelo que a mais pequena decidiu deixar na minha casa.  

27.Mar.16

A minha Hora do Bolo

Tenho mais playlists no Spotify do que filmes realizados pelo Tarantino mas é complicado fazer uma de apenas uma hora. Lá acabei por me decidir e enviei o mail com a bela da lista de uma hora e um minuto a ver se passava. Responderam com um "Vamos a isso" mas como tinha a semana preenchida só poderia ser num dia da próxima. Como trabalho por turnos e é complicado só pude ir numa quinta-feira.
Cheguei ao edifício e tinha posters da rádio Radar, Amália e Sudoeste. Se me engano na porta corro o risco de passar músicas da Carminho ou do Justin Bieber. Apesar da porta não ter indicação acabei por entrar no sítio certo.
Há quem tenha um tema para a hora, quem faça uma grande quantidade de referências a bolos e tipos de fatias e quem faça autênticos monólogos só para falar de uma música em particular. Eu não tinha feito grande trabalho de casa, nem sabia bem em que músicas queria falar.
Quando ouvi a minha voz paniquei um bocadito. Não gostei de me ouvir e tenho uma maneira estranha de falar que se agrava na rádio. Quem estava a gravar o acontecimento ia se rindo, agora não sei se era dos disparates que dizia ou da minha desgraça radiofónica. Disse motherfucker na radio o que nem todos podem dizer o mesmo e dediquei uma música ao Óscar, o cão a quem eu atiro a bola todos os dias. Tive a grande oportunidade de dizer Tom Waits aí uma beca mas não o fiz e para sempre ficarei arrependido.
Só no final é que me disseram que o programa iria passar no sábado Aleluia e eu com tanta referências pascais que podia ter feito...
Houve uma quantidade considerável de inconscientes que pediram-me o link do programa e outros que ouviram pela rádio. Tive amigos que ouviram pela primeira vez a Radar e das quatorze músicas que passei só conheciam uma. Houve até quem disse que eu só passei músicas tristes o que até não deixa de ser verdade. Se eu tivesse um psicólogo ele teria muito material para falar comigo. Devo estar a atravessar o meu período azul.
Agora já posso dizer que trabalhei numa rádio mas nunca pensei que trabalharia numa que não fosse a Popular.

 

 

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21.Mar.16

Tenho papeis para troca. Falar com Sr. Toni

É raro o dia em que chego ao carro e não encontro no limpa para-brisas um papel de alguém que generosamente se oferece para comprar o meu veículo. Como não gosto de atirar o papel para o chão e normalmente não existe um caixote do lixo nas proximidades ponho dentro do carro para fazer companhia aos outros. Às vezes não reparo que me ofereceram um novo e ele acaba por fazer a viagem no lado de fora e se não for resistente acaba por ter um final trágico.

Parece haver um acordo entre os senhores compradores e a maioria dos papéis são brancos com letras azuis mas de vez em quando aparece um grande maluco que arrisca em colocar letras vermelhas ou até mesmo apostar num papel verde com letras pretas. As fotos normalmente são de carros de alta gama e de carrinhas de pessoal que vende na praça.

Os papeis pedem para contactar o Sr. Pereira, o Sr. Filipe ou o Sr. Amadeu mas se eu alguma vez quiser me livrar do meu carrito ligo para o Rei Leão das Patilhas.    

 

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15.Mar.16

Cenas que me fazem comichão q.b.

Usar chapéu-de-chuva é uma cena complicada. Espreitas pela janela onde avistas nuvens ameaçadoras a pairar, pensas que o melhor é não arriscar e levas o chapéu para o trabalho. Acabas por ir e voltar e nem uma pinga do céu caiu mas sempre serviu para levar o chapéu a passear, dar-lhe a conhecer o caixote ao lado do teu posto e regressar a casa a cheirar à laranja que o teu colega lanchou.

Como por vezes no regresso não chove, acabas por o deixar no trabalho ou até pode chegar à altura de o recolher e ele já não se encontrar no edifício porque um toni desta vida o decidiu levar para se proteger da mini tempestade tropical e achou que o primeiro a sair tem direito a levar proteção.

Se estiver vento então é que a coisa complica mais. Entras numa luta titânica contra o vento para ver quem é que leva a melhor. Podes acabar molhadito da cabeça aos pés mas estás feliz e contente porque o teu chapéu ficou vivo e funcional apenas com uma vareta de fora. A maioria das vezes acabas só com o ferrinho na mão de uma coisa que antes servia para te abrigar da chuva.

 

Comprar um simples par de calças de ganga já não é tarefa fácil. Existem as Regular e todo um mundo por descobrir. Há as Slim que têm um corte ajustado ao corpo, as Skinny que é para o pessoal que gosta de ter as calças bem justas ao corpo e as Super Skinny que é para a malta que não tem amor às pernas.  

Também existem as Smart Skinny que acredito que sejam inteligentes ao ponto de serem justas nos sítios certos e outras de nome Spray on Skinny que acho que têm esse nome por serem pintadas por um spray muito fininho e que muito provavelmente irá te deixar as pernas da mesma cor das calças.

Não deve faltar muito para chegarem as Mega Skinny para aquele pessoal que gosta de falar fininho e as Skinny Beach para quem gosta de areia na virilha.

06.Mar.16

Em busca do papel verde necessário para a circulação automóvel

Dia de levar o carro à inspeção mas não marquei hora. Esqueci-me que a hora do almoço costuma ser bastante concorrida por isso tive que esperar um bom bocado.
Quando ouvi a primeira matrícula lembrei-me que não sabia a minha de cor. Sempre podia arriscar e quando ouvisse uma chamada sem nenhum carro a se aproximar arrancava eu e se alguém reclamasse sempre podia alegar que escutei mal e tenho o carro há pouco tempo.
Havia quem aproveitasse para ler o jornal ou para dormir e sonhar que estão a conduzir o seu carrito com o quadrado verde no canto superior direito do vidro. Sonho esse que foi abruptamente interrompido pelo inspetor que bateu no vidro para avisar que tinha chegado a sua vez. Pelo aspeto do carro, tinha fita-cola no para-choques, o sonho teria poucas hipóteses de se tornar realidade.
Existem inspetores que levam muito a sério o seu trabalho. Há quem inspecione o carro como se estivesse à procura de droga, verificado ao pormenor por dentro e por fora em busca de qualquer sinal suspeito. Só falta montar o triângulo, vestir o colete refletor, trocar um pneu para ver se o suplente e as porcas estão em boas condições e depois lançar os cães pisteiros para investigarem o interior do veículo.
A mim calhou um tipo novo que não foi nenhum nazi da inspeções automóveis. Verificou os cintos de segurança, os stops, os piscas, não perdeu tempo no porta-bagagens mas ficou algum tempo a verificar as luzes frontais. Na altura de testar os limpa para-brisas liguei os da frente em vez dos de trás e esguichei água para os olhos do inspetor. Isto não vai correr bem.
Depois do resto dos testes realizados pediu para eu estacionar mais à frente e depois ir ter com ele. Apesar da minha esguichadela lá recebi o belo papel verde com uma anotaçãozita de “Deficiente regulação de máximos e médios”. Mesmo assim passarei a ter muito mais cuidado com quem me circunda antes de esguichar.

03.Mar.16

Guia para sobreviver a uma manhã laboral

O despertador tocou às cinco da matina e vai a caminho do trabalho sem ter bem a certeza se chegou a dormir alguma coisa? Não desespere, deixo aqui conselhos para conseguir sobreviver a uma manhã laboral:


- Antes de sequer entrar no carro, verifique o estado dos seus pneus. Garanto que não é nada giro estar às cinco e picos encostado numa berma da A5 a tentar mudar um pneu e haver uma grandessíssima porca que não quer sair sendo assim obrigado a chamar um reboque.


- Mal chegue ao trabalho beba o primeiro café do dia. Se não beber, os primeiros minutos do dia podem ser angustiantes. Descubra qual a sua quantidade de cafeína necessária para sobreviver. Doses excessivas de café podem provocar uma desnecessária produtividade no trabalho.


- Evite ficar muito tempo sentado. Aproveite para conhecer melhor a sua empresa indo até ao bebedouro ou à casa de banho mesmo que não tenha grande vontade.Mesmo que não fume vá apanhar ar ao fumódromo.


- Compare horas de sono com os seus colegas. É sempre bom descobrir que não é a única pessoa que às duas da matina estava acordadíssimo a ver um documentário sobre extraterrestres no canal História.


- Saiba qual a sua hora de quebra. Há quem diga que é às dez, outros dizem que a partir do meio-dia é complicado. Para mim todas as horas são horas de quebra.