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Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

31.Jul.17

Quero gémeos

Se o Jay-Z e o Ronaldo conseguiram ser pais de gémeos, eu também consigo. Não tenho filhos mas se alguma vez alcançar o estatuto de pai, quero que sejam gémeos. Desconheço a lei mas de certeza que teria o dobro de dias de licença parental. Para que tal aconteça, terei que perguntar, logo no primeiro encontro, se ela tem historial de gémeos na família.   

Desejo sobretudo que sejam rapazes. Teriam os dois o nome de António mas, em honra da minha vida dupla, um seria conhecido por Tó e o outro por Toni. Numa noite de copos medieval, nasceu a ideia de lhes chamar de Fauninho e Barba Negra. O Fauninho seria a besta e o Barba Negra o mais sensível. Essa ideia não está de todo posta de parte.

O ideal é serem gémeos idênticos, para os poder vestir de igual e confundir toda a gente. Com sorte seriam ambos jogadores da bola ao nível de um Frank e Ronald de Boer. Se forem falsos têm que ser mesmo muito diferentes, como o Arnold Schwarzenegger e o Danny de DeVito no filme “Gémeos”. Seria épico se conseguisse com que os gémeos fossem Gémeos de signo.

Por enquanto resta-me insinuar que todas as minhas amigas e familiares estão gravidas e de gémeos, para me poder tornar no titó. Um dia irei acertar.

 

 

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24.Jul.17

Perdidos no IKEA

Visitar o IKEA é sempre uma experiência diferente. A disposição dos artigos parece que é sempre nova, o que pode dificultar o encontro daquele esmagador de alhos que tanto precisas.

Numa das divisões estão cinco empregadas a gravarem um vídeo e mais à frente estão instalações a serem montadas por trabalhadores com um falar estranho, talvez sueco. O caminho até ao objetivo é longo e acabas sempre por parar e ver algo, com um nome estranho, que antes não sabias que precisavas mas que agora parece ser uma excelente compra. Deve ser o único sítio no mundo em que ficas contente por levar uma Besta para casa.  

O caminho é longo até à saída e, algures a meio, assisti ao depoimento de uma senhora que saiu de uma casa de banho e nunca mais encontrou o restaurante. Há quem peça ajuda a um funcionário para sair mas recebe como resposta um simples “Basta seguir as setas”. Há até quem faça alongamentos, equipada a rigor, porque isto de fazer quilómetros suecos necessita de alguma preparação física. Por vezes é possível vislumbrar possíveis atalhos mas é sempre um risco. Podes acabar por andar aos círculos e a sobreviver comendo plantas, isto se conseguires encontrar a secção de exteriores.

Estar perdido num IKEA pode muito bem significar o percorrer de alguns quilómetros, uma sesta num quarto infantil e umas trincas numa Aloe Vera. Quando finalmente consegues ver a tão ansiada saída, entras num estado de alegria extrema, quase a alcançar o Nirvana, mas depressa essa sensação desaparece quando te lembras que ainda tens que montar a Besta em casa.

17.Jul.17

Beber para esquecer a Peste

A feira ficava em São Pedro de Sintra mas parecia que tinha estacionado a minha carroça na Amora. Cheguei e dei uma volta ao recinto, evitando sempre passar ao lado de pessoas com ar de peste negra, e quando avistei cerveja artesanal deparei-me com um grave problema: Não tinha uma única moeda de ouro. Não havendo nenhum multibanco medieval, tive que dar um salto no tempo e procurar o banco mais próximo.

Havia vários tipos de cerveja e experimentei um trago de todas. Na altura de decidir qual o néctar que me iria acompanhar na minha cruzada, tinha as papilas gustativas bastante confusas. Escolhi a segunda, que por acaso era trigo, e segui caminho. Vi combates de espadas, burros e mulheres com bigode. Passei por uma bruxa e estive tentado a recorrer aos seus serviços. Se tivesse uma boa prestação, recomendava ela ao Sporting. Voltei a encher o cálice, mas agora com uma cerveja com um toque de gengibre. A escolha do gengibre pode muito bem ter sido um sintoma da peste.

Acabei por voltar no dia seguinte, numa noite de nevoeiro, mas já consegui deixar a minha carroça na Brandoa. Malabaristas brincavam com o fogo, enquanto uma criança insistia que eles assoprassem. Desta vez o néctar escolhido foi a sangria e no preciso local em que estávamos sentados, a banda de serviço decidiu atuar. Um rapaz, que de medieval apenas tinha o bigode, estava muito envolvido na festa. Usava uns calções, havaianas e uma t-shirt que dizia “Caramelo” e já tinha a bobo da corte às cavalitas. Descobri a depilação alternativa, com uma pedra, e nasceu a ideia da Marcha Nódica: caminhar com bastões enquanto se canta a música do Noddy. A sangria era da boa.   

 

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12.Jul.17

Cenas que me fazem bastante comichão

Quando há comida envolvida, parece que existe sempre alguém a insistir que eu coma mais. Normalmente é o anfitrião, sob o pretexto que não se deve desperdiçar comida, mas nem sempre é o caso. Posso já ter comido dois croquetes, três rissóis, seis fatias de melão e dois pratos de cozido à portuguesa e no preciso momento em que estou de mãos a abanar há alguém que diz: “Ainda não vi o António/Tó/Toni a comer nada!”.

Só porque eu tenho um ar mal nutrido não significa necessariamente que passo fome. Eu tenho o meu ritmo e não lido bem com a pressão. Nunca ninguém me acusa de não beber nada.

Parece que virou moda fazer filmes com mais de duas horas de duração o que, na maior parte dos casos, não significa que sejam melhores por isso. Para mim, um filme que tenha mais de duas horas tem que estar ao nível de “ O Padrinho”, senão começo a perder o interesse.

Vou ao frigorífico, preparo uns snacks extras, apago e-mails, consulto o meu horóscopo semanal e quando olho para a televisão o filme ainda está a passar. Fiquei com o estômago aconchegado, deixei de ter na minha caixa de correio e-mails que prometem melhorar a minha vida sexual, descobri que durante a semana terei uma surpresa no campo afetivo e não cheguei a perder nada de significativo do filme.Que venham os filmes pequenos e bons. 

10.Jul.17

Sala de desespera

Dia de levar o meu pai ao hospital para fazer um exame. Na altura em que nos sentámos na sala de espera, passava o programa da senhora das cartas de tarot na televisão. Era a oportunidade única para o meu pai saber o resultado do exame antes de o fazer.

É um hospital público por isso já estávamos mentalizados que teríamos que esperar bem mais do que a hora marcada mas, como somos otimistas, chegamos uns bons quarenta minutos mais cedo. Escusado será dizer que tive uma relação bastante duradoura com a cadeira de espera.

Várias pessoas paravam à minha frente com o telemóvel na mão mas não era para pedir o meu contacto ou tirar uma selfie. Tinha a password de Wi-Fi afixada no canto superior direito. No Monopólio, se passar pela casa de partida recebe duzentos euros e, naquele momento, quem passasse por mim receberia internet. A espera é tanta que por momentos até pensei que eu, que não tinha nada marcado, seria atendido primeiro que o meu pai. No meu lado esquerdo estava uma senhora a ler o livro “Ainda Estou Viva”.

Finalmente é ouvido o nome do meu pai. Mais uma horita e estou despachado, pensava eu. Estava enganado. Passa a hora e mais meia e nem sinais dele. Numa das paredes estava afixado um poster com todos os componentes de um cigarro. Mesmo assim eu, que nunca fumei na vida, estava prestes a escolher aquele momento para colocar amoníaco e acetona, entre outros,nos pulmões. Quase duas horas e meia depois chega o meu pai. Ele tinha dois exames, daqueles que envolvem tubos em sítios complicados, para fazer na semana e decidiram fazer os dois logo no mesmo dia. O hospital estava numa de promoções. O meu pai foi um valente.

 

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03.Jul.17

Correr com amor à camisola

Dia de Corrida Sporting. Apesar de já ir na sua sétima edição, será a minha primeira vez como leão de corrida. Espero que a minha estreia seja tão boa como a do Bas Dost.

O 1700 que tenho na camisola está tão seguro como o Rui Patrício, porque desta vez trouxe quatro alfinetes-de-dama. Antes de a corrida começar, há quem aproveite para tirar selfies, comentar as últimas transferências e arriscar fazer a prova com uma t-shirt vermelha. Eu “acradito” que vou fazer um bom tempo.

A corrida começa e tento fintar a multidão até encontrar um espaço para mostrar toda a minha técnica. As adeptas sportinguistas são as mais lindas e funcionam como um grande incentivo para correr atrás delas. Em todos os tuneis se gritou em alto e bom som pelo clube do coração.

Com o passar dos quilómetros começo a pensar que devia ter-me aplicado mais nos treinos. Tinha planeado, para quando começasse a ver a meta, fazer um sprint à Gelson Martins mas ela ficava próxima de uma curva e, quando dei por ela, já a estava a atravessar. O meu sonho era o de terminar a prova dentro de uma baliza mas não se podia pisar o relvado e não estava nenhuma disponível. Apesar de ter ficado na posição 911, já posso dizer que sou um atleta medalhado do Sporting.      

 

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