Lá fora a chuva aconselhava a não sair de casa mas trabalhar por turnos não é fácil e a noite era de trabalho. Sem chapéu-de-chuva (Homem que é Homem não precisa disso) fui a correr em direcção ao carro. Sempre funciona como incentivo ao desporto.
Num curto espaço de tempo o asfalto tinha-se transformado em centro de treinos para o Michael Phelps. O meu carro que nunca foi um bom nadador atravessou as piscinas a custo.
Por momentos transformei-me num Aquaman por turnos e o meu carro num cavalo-marinho. Mas o cavalo não estava nada bem e depois de alguns soluços acabou por padecer em plena A5.
Acabei por ter motorista até ao local de trabalho mas o senhor não tinha Ferrero Rocher nem sequer malas com grandes quantidades de dinheiro para oferecer. Parte da noite laboral foi passada em busca de submarinos baratos no OLX.
Ele era o número 1. De alcunha o Ministro vestia as cores de Portugal com tons rosa e ditava as leis do jogo. Comandava Portugal ao seu belo prazer. Depois de umas temporadas menos conseguidas e sujeito a grande pressão por parte dos adeptos decidiu terminar a sua carreira. Foi para França onde se tornou o Filosofo.
Regressou a Portugal, com bastante mediatismo, para ser comentador e aos poucos parecia querer voltar ao ativo. Só que erros do passado chegaram para o atormentar e de um dia para o outro foi obrigado a se transferir para Évora onde enverga agora o número 44 e passou a ser o Corrupto.
Não há nada como acordar num domingo de manhã para ir correr. Depois de pedir emprestado um alfinete de dama passo a ser o trezentos e trinta e três e fico pronto para ir para o meio da serra de Sintra.
O percurso não é nada fácil com muitas subidas e descidas a pique, pedras e lama para escorregares e ramos prontos para irem de encontro à tua cabeça. Há quem exclame que o melhor prémio vai ser o de estar deitado o resto do dia e há quem já se estique ao comprido numa mini ponte de madeira.
Garrafas de água são entregues no caminho para os corredores poderem se refrescar mas há que ter atenção para o sítio onde as atiras. A tua garrafa usada pode muito bem ir na direção de um polícia.
Uma hora e vinte e oito minutos depois terminei a prova e tive direito a sumo, um pão com chouriço e uma t-shirt da Corrida do Monge. Só não ganhei uma estadia num mosteiro porque não fiz a prova com sandálias.
A legionella chegou a Vila Franca de Xira e de repente passámos a ter medo de gotículas de água. Já não se pode ir ao jacuzzi diário e nem sequer tomar duche. Se for um adepto convicto do duche sempre pode desinfetar o chuveiro com lixivia. Há quem tire a cabeça do chuveiro e pense que a situação fica resolvida.
Últimas notícias dão conta que o surto de Vila Franca já chegou a Angola e ao Peru. Depois do pastel de nata Portugal consegue também exportar legionella.
Já há suspeitas mas ainda não há confirmações acerca do foco do surto. Se tivessem posto o Duarte e Companhia a investigar o caso por esta altura já tinham encontrado a origem da legionella.
O site com a receita escrita e o vídeo demonstrativo está aberto e tenho todos os ingredientes e tachos necessários. Existem condições para a elaboração do frango à Toni.
O frango já está a fritar e eu no facebook a conversar. Com o frango devidamente bronzeado junto os cogumelos e um cálice de vinho do Porto que veio no último cabaz de natal.
De seguida junto a sopa de rabo de boi... raios eu sabia que me tinha esquecido de algo. Deixo o frango no mínimo e começo a preparar a sopa de nome duvidoso.
"Depois de juntar a sopa deixar a cozinhar entre 10 a 15 minutos." Aponto para 13 minutos e escrevo no computador a hora é que estará pronto. Eu tenho um temporizador de cozinha que me podia auxiliar mas desde que esteve nas mãos do filho do meu vizinho nunca mais foi o mesmo…