Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

18.Dez.17

Correr para aquecer

Runner que é Runner acorda cedo num gélido domingo para fazer dez quilómetros. Onyria Running Challenge é o nome da prova e todas as verbas da corrida serão entregues ao CRID, uma instituição solidária que não tem qualquer relação com ex-presidente da Raríssimas.

O ponto de partida é próximo do Farol da Guia em Cascais, que nada tem a ver com o famoso frango da Guia. Frango não é gourmet o suficiente para aquela zona, teria que ser um faisão. Recebi o número 192, alfinetes-de-dama e um gorro do Pai Natal. Ainda fiz o aquecimento da cabeça com ele, mas não o utilizei na corrida para evitar transpirações e a perseguição por parte de crianças, duendes e renas.  

“Devia ter treinado mais” e “Devia ter ficado na cama” foram os pensamentos que mais me acompanharam durante a prova. Na parte final andei quase sempre afastado de qualquer atleta, por isso, quando comecei a ver a meta, comecei a imaginar qual a melhor maneira de terminar. Será que acabo com os tradicionais “vês” de vitória? À caranguejo? Com um salto para a frente mostrando a língua e os polegares? Enquanto a minha mente circulava em excesso de velocidade, um toni ultrapassa-me e posiciona-se à minha frente, no preciso momento em que a foto de chegada é tirada.

Foi um épico de Natal estragado por um Grinch Runner.     

 

               corridafrio.jpg

 

13.Dez.17

E quase tudo a Ana levou

Festa de aniversário em noite de tempestade. Quando saí de casa, a Ana estava a dar os seus primeiros sopros, ainda sem sinais de chuva. Parece que ela descobriu que Portugal foi considerado o melhor destino do mundo e como tal decidiu fazer uma visita noturna.

A ponte tinha que ser atravessada para chegar à outra margem. Sendo o meu carro um parente próximo de uma caixa de fósforos, foi algo complicado seguir a direito mas lá consegui atravessá-la sem visitar o Tejo. Cheguei ao local da festa convencido que a Ana era algo temperamental mas nada preocupante. Mal eu sabia que o pior ainda estava para vir.

Depois de comer, beber, por a conversa em dia e armar-me em David Guetta com a pen de outra pessoa, lá decidi fazer-me à estrada. O dilúvio estava à minha espera. Depois de perceber que a chuva não fazia questão de abrandar, arranquei e não mais olhei para trás. Eram caixotes do lixo derrubados, ramos de árvores no caminho e autenticas piscinas no asfalto que o meu carro precisaria de barbatanas do Michael Phelps para as atravessar. E depois disto tudo, ainda tinha que passar pela ponte até chegar à minha margem.

Atravessei-a tão devagar que até um runner desta vida me conseguia ultrapassar. Contra ventos e precipitações consegui chegar estoicamente a casa. O meu destemido carro nem uma única vez deu sinal que iria ficar pelo caminho. A Ana já terminou a sua visita e espero que não recomende Portugal a nenhum familiar. 

 

                       guardachuvas.jpg

     

08.Dez.17

Aquela altura do ano

Chegou a altura do ano em que as fotos de lareiras, árvores de Natal, presépios e animais imbuídos no espírito natalício invadem as redes sociais. Se tiver uma majestosa árvore de dois metros com um presépio do tamanho do Portugal dos Pequeninos, ao lado de uma lareira a crepitar e de um Chihuahua com hastes de rena, consegue ter tantos likes que até o Facebook deixa de responder.

Em Dezembro passa-se a ter amigos secretos. Às vezes são tão secretos que já não te lembras quem são. O truque é comprar algo genérico como chocolates ou um pisa-papéis e ser o último a entregar a prenda. O que sobra é o tal amigo que era tão secreto que nem o Google sabia a sua identidade.  

Num abrir e fechar de olhos, vejo-me inserido em vários grupos do WhatsApp. Há grupos para combinar jantares de Natal e grupos para sugerir prendas. Quando dou por mim, descubro que vou conhecer uma terra de nome Talaíde e que tenho que arranjar palavras que rimem com torradeira e coloche. O GPS nesta altura do ano devia fazer o som do trenó do Pai Natal.

 

               arvorenatal.jpg

 

04.Dez.17

O dependente de séries foi às compras

O dependente de séries consegue, com muito esforço, fazer uma pausa na sua maratona da Anatomia de Grey e decide ir ao shopping comprar as prendas de Natal para os poucos amigos reais que possui.

Não era um dia de semana com cor de desconto mas parecia. O vírus do consumismo parece ter infetado mais de metade da população e grande parte estava naquele centro comercial, transformada em mortos-vivos sedentos por uma boa compra. O primeiro artigo a comprar será um arco e flecha igual ao do Daryl. Naquele momento o Mundo Invertido deveria ser um local bem mais amigável.

Há que oferecer roupa quentinha que o Inverno está a chegar. Uma cliente aborda-o em espanhol, pensando que ele era um empregado da loja. Como viu as três temporadas do Narcos estava confiante que dominava a língua. A cliente fugiu assustada quando ele terminou a sua suposta ajuda com a frase “Plata o pomo”. Num canto da loja, um anão dançava junto a uma cortina vermelha enquanto uma voz no altifalante procurava uma Laura. Acabou também por levar uma t-shirt com a inscrição “Bazinga”.

Pegou nas prendas que pretendia, sem passar pelo bancada dos embrulhos, e saiu do shopping mais rápido que o Flash. Para a próxima vão os seus clones às compras. Chegou a casa agastado mas pronto a continuar a sua maratona. Devia ter escolhido a profissão de médico porque as médicas e enfermeiras são todas giras e passam a vida a dormir uns com os outros.  

 

                 comando.jpg