Diogo Piçarra decidiu fazer Carreira numa semifinal do Festival da Canção com a música “Canção do Fim” mas a Net, que descobre tudo, encontrou grandes parecenças a um tema da IURD. O cantor tinha assim a perfeita noção que necessitaria de um milagre para ganhar o Festival.
Este tipo de competições musicais, onde os concorrentes têm que apresentar temas originais, deviam se salvaguardar deste tipo de situações. Se o futebol tem o VAR para analisar lances duvidosos então os concursos musicais deviam utilizar o Shazam para encontrar canções pouco originais.
Piçarra com essa participação dá assim entrada na Igreja Universal do Plágio onde figuram ilustres nomes tais como Robin Thicke, Coldplay e o nosso Tony. Terá que oferecer o dízimo por cada música abençoada e reger-se pelos principais mandamentos escritos numa coluna PA:
Dia de São Valentim e eu tenho um encontro marcado com uma broca. Já não bastava saber que iria estar uma hora de boca aberta, a receber visitas de vários instrumentos, e ainda me entregam na sala de espera três páginas com a descrição do procedimento e os possíveis efeitos secundários. Dava um dente só para não ter que ler tudo até ao fim.
Chegado à amorosa sala, o dentista pergunta se tenho alguma preferência para banda sonora. Qualquer música que escolhesse iria estar para sempre associada à complicada hora que me esperava. Decidi não sugerir nada. De certeza que ele tem criada uma playlist com o nome “De deixar a boca aberta”.
Depois da romântica anestesia, começa a ser instalado um pano verde chroma na minha boca. Ao que parece vou ter um dente virtual. Vários alfinetes vão marcando a sua presença. Será uma instalação futurista com base na antiga arte da acupuntura. Quando dou por mim já me colocaram um par de óculos laranja. O dente vai ser em 3D. No teto vi estrelas.
Foi um date longo e penoso mas quando terminou ficou logo combinado outro encontro. Quanto mais abro a boca mais preciso de ti.
Certo dia, um toni desta vida achou por bem que devia ser transmitida na íntegra a perseguição a um autocarro de uma equipa de futebol. O cameraman de serviço saltou para cima de uma mota e disse ao condutor: “ Siga aquele autocarro!”. O resto é história.
Por vezes assistir ao percurso do autocarro até ao estádio pode ser mais emocionante que o próprio jogo. O autocarro poderá necessitar de um abastecimento de gasóleo a meio caminho, pode ter um furo ou mesmo se enganar no percurso porque o chofer habitual adoeceu e o substituto, que não conhece a zona, é auxiliado por um GPS desatualizado, com a senhora a dar indicações em eslovaco.
Em casa é dado início ao jogo Adivinha onde está o Autocarro. “ Está a chegar ao aeroporto!”, diz o senhor Joaquim com toda a convicção do mundo, mas o senhor Idalino acha que ele está a atravessar a Avenida Fontes Pereira de Melo. Quem acertar à noite, a chover e com a imagem a passar numa janela pequena, recebe mais pontos.
E finalmente o autocarro chega e é possível ver os jogadores, treinador e equipa técnica a saírem como nunca antes saíram de um autocarro. Há quem entre no estádio a ouvir música, a mascar pastilha, quem pare para cumprimentar alguém conhecido e quem se esqueça do boné no autocarro. Bonito, bonito é quando só é possível ver o autocarro a entrar na garagem do estádio. A não perder em várias televisões perto de si.