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Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

27.Ago.18

Sangue, suor e falta de jeito

Dia de derby lisboeta e de churrascada com amigos. Estava a ser um convívio dos bons até ao momento em que decidi cortar pão saloio. Primeira fatia saiu impecável. A segunda fatia até parecia ter sido cortada numa máquina. Cheio de confiança ataquei o pão mas a faca de serrilha escapou e foi parar ao meu indicador esquerdo. Sangue por todo o lado.

Fui a correr feito toni para a casa de banho e abri a torneira com toda a força em direção à ferida. Uma maré vermelha invadiu o lavatório e arredores. Não tinha compressas nem água oxigenada. Apenas um resto de um familiar do Betadine para colocar. Foram usados guardanapos para estancar o sangue. Após alguma discussão lá fui convencido a deslocar-me aos bombeiros para tratar da golpada.

Fizeram o tratamento e disseram que por via das dúvidas o melhor seria ir ao hospital porque poderia necessitar de levar um ponto. Achei que o melhor seria ir para casa ver a bola mas antes fomos comprar água oxigenada, compressas e fita adesiva. Mais tarde descobrimos que as compressas não eram cirúrgicas mas sim para ser usadas quando eu precisar de retirar a maquilhagem.

O jogo começou e o acidente já fazia parte do passado. As bifanas, salsichas e entremeadas eram quase tão boas com as defesas do Salin.  A segunda parte foi bem mais intensa e festejei efusivamente o penalti do Nani. O resto do grupo não estava muito interessado no jogo. O golo do João Félix, mesmo ao cair do pano, pôs o meu sangue a ferver. Estava sentado no chão, colado ao ecrã quando já em tempo de descontos levantei-me repentinamente e reparo que havia sangue por todo o lado. O meu final de jogo foi realizado pelo Tarantino. Corri até à casa de banho. Tudo em meu redor começou a rodar, transpirei e apaguei. Regressei para beber água com açúcar e saber o resultado final do derby. O meu dedo adivinhou que seria um empate a uma bola. Fomos todos para as urgências.

Quando uma pessoa não sabe bem onde ir num sábado à noite, as urgências surge como um local bastante alternativo. O café é barato e não é mau, não tens que pagar mais do que um euro por uma simples garrafa de água e ainda recebes uma pulseira. O que falta é boa disposição na sala.

Depois de alguma espera, acabei por ser tratado sem precisar de levar nenhum ponto. Ganhei um penso até sexta-feira e não posso molhar o dedo nem fazer grandes movimentações com ele. Passo assim a tomar duches só com uma mão e a deixar um significativo monte de loiça no lavatório. A partir de hoje só compro pão fatiado.  

 

 

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20.Ago.18

Não vás ao mar Toino, que está o mar gelado,Toino

É preciso ser muita toni para ir à praia e não dar um único mergulho no mar. O que acaba por desmotivar muita gente é a temperatura da água.

Em casos de água gelada prefiro fazer a aproximação controlada. Não entro em excesso de velocidade mas também não gosto de ser aquele que estaciona à beira mar e coloca os quatro piscas. Vou andando em bom ritmo até a água começar a chegar à zona da cintura. Aí sim dou a parte fraca e começo logo a reduzir. Quando já nada sinto, avanço de cabeça e fico o tempo necessário para ser uma volta bem-sucedida.

Existe sempre um exibicionista, que começa em corrida e que entra de chapão. É capaz de fazer o pino, imitar um golfinho hiperativo e atirar água aos que se aproximam a medo do mar. Para ele a água nunca está fria e é dos que fica mais tempo nela, mas no final tem que fazer uma contagem dos dedos dos pés e das mãos porque é a única maneira de perceber se ainda os tem todos.

Os mais sensíveis às temperaturas têm uma abordagem bastante mais cautelosa. São capazes de ficar bastante tempo na fronteira entre a areia seca e a molhada, ficando a olhar para o horizonte para dar um ar de estarem num momento de grande introspeção. Há até quem dê uma volta à praia na esperança de encontrar um cantinho onde a água seja mais quente.

Quando finalmente ganham coragem, entram no mar de forma cambaleante, parecendo um morto-vivo que está pela primeira vez a descobrir o mar. Quando a primeira gota de água atinge um fio de cabelo, acham que a sua missão foi um sucesso e regressam para se embrulharem na toalha e numa manta térmica e partilharem a sua odisseia.

 

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17.Ago.18

Lifestyle Social Influencer Coise

Influenciador social digital é agora uma profissão e existem instagramers a ganharem bastante com isso.

Para ser um instagramer de sucesso é preciso ter um fotógrafo disponível 24 horas por dia ou 2 que trabalhem por turnos. Para um instagramer que está a dar as primeiras fotos ao mundo social o ideal seria o de arranjar um namorado(a) formado em Fotografia. Mesmo se lá fora estiverem temperaturas negativas há que partilhar fotos em bikini e dizer que tem saudades do verão.

É preciso ter um número considerável de frases inspiradoras a jeito para qualquer ocasião. Deixar o Fernando Pessoa em paz porque “As pedras no caminho” que encontram não são dele. Variar entre o português e o inglês para dar um toque internacional e parolo. Arranjar pelo menos 50 hashtags para acompanhar a foto. Depois é só esperar que os seguidores apareçam e com eles as marcas a quererem patrocinar as suas fotos.

Eu, um simples blogger que nem consegue ter 300 pessoas a seguir a página no Facebook, estou bastante longe de ser um influenciador mas se um dia cair um meteorito na terra que arrume com todos os bloggers e sobrar apenas eu para mostrar o caminho aos sobreviventes, estarei mais do que disponível para me vender a qualquer marca. Estou preparado para partilhar uma foto top em que estou sentado no capot de um Dacia a comer qualquer coisa da Prozis, a usar um relógio do Mickey Mouse, óculos de sol da Ale-Hop e com várias embalagens de blocos sanitários com suporte verde pinho da WC Pato no tejadilho. A frase “É fundamental reconheceres a tua importância na tua vida” do Gustavo Santos serviria com legenda e a hashtag #deusnocomando marcaria presença.    

 

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09.Ago.18

O Especialista

Quando há um tema que domina a atualidade informativa, quer seja incêndios, política, futebol ou banheiras de hidromassagens, existe sempre um especialista pronto a dar a cara e a sua opinião. Como tal, numa simples ida à praia será possível encontrar vários tipos de especialistas:

Mal pões os pés na areia e o Especialista de Substâncias Minerais Granulosas afirma logo que é o melhor areal num raio de 80 quilómetros e que é o ideal para construir castelos e enterrar pessoas. Começas a colocar o protetor solar e o Especialista em Bronzeados recomenda que espalhes o creme no sentido dos ponteiros dos relógios e está disponível para colocar nas costas e fazer uma análise aos sinais do teu corpo. Convém ter algum cuidado com esse tipo de “especialistas”.

Antes de ir à água o Especialista em Mares já analisou a sua qualidade e sinalizou a zona onde deve ir. O Especialista em Secagem de Roupa recomenda as 16:18 como a altura ideal para uma secagem rápida. Do teu lado direito o Especialista em Selfies já montou o estúdio para uma sessão fotográfica e o Especialista em Redes Sociais já tem prontos vários hashtags e várias frases em inglês para legendar as fotos. No final do ensaio, o Especialista em Bolas de Berlim de Praia já escolheu a melhor para si.   

Depois de uma análise meticulosa à temperatura e ao trânsito, o Especialista em Saídas afirma que as 19:12 é a hora ideal para abandonar a praia.    

 

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04.Ago.18

Missão Impossível - O Apagão

Sala de cinema cheia para ver o “Missão Impossível – Fallout”. Já só conseguimos arranjar lugares na fila F, junto a um acesso, o que nos permitia fazer o controlo de entradas e saídas e disponibilizar informações.

Depois dos vários anúncios e trailers dos filmes que vão estrear lá aparece o Tom Cruise, que não envelheceu desde o primeiro Missão Impossível, e o resto da sua equipa, agora também acompanhado pelo Super-Homem com bigode. Durante uma cena de intensa pancadaria numa casa de banho o filme é abruptamente interrompido e as luzes ténues do cinema se acendem. É muito cedo para ser intervalo e a bela da musiquinha não começa a tocar. Pouco tempo depois aparece um senhor a explicar que faltou a energia no cinema e que estariam a resolver a situação.

Saí da sala e reparei que o cinema estava às escuras mas o resto do Shopping parecia estar a funcionar normalmente. Voltei para o meu lugar e pensei na hipótese dos funcionários do cinema apresentarem o resto do filme em sombras chinesas. Um jovem que estava a trocar mensagens com uma amiga que estava noutra sala disse que o Mamma Mia ardeu. Os pais disseram logo que ela estava a exagerar até ao momento em que o senhor regressa para anunciar que o problema era mais grave do que pensava e que o filme já não seria retomado. Ver o filme era mesmo uma missão impossível.  

Quando saímos havia fumo pelo ar, cheiro a queimado e um mar de gente a querer o seu dinheiro de volta. Afinal os ABBA ainda conseguem incendiar uma sala. Lá consegui com que assinassem o bilhete na promessa que voltaria para ver a segunda parte do filme.

Parabéns ao Cruise e Companhia por conseguirem um final que deixa tudo em suspenso e por reinventar a experiência de ver cinema.

 

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