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Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

28.Set.18

O ET do meu irmão

O meu irmão herdou do avô um fabuloso Nissan Micra verde garrafão que é identificado na estrada com as letras ET. Apesar de ter carta, nunca foi fã de grandes conduções e o Micra passou a maior parte do tempo parado debaixo de uma árvore onde pássaros costumavam deixar a sua marca. O tejadilho nunca mais foi o mesmo. Foi o meu primeiro carro e também eu assinalei a minha passagem por ele com alguns toques e raspadelas.

O carro não tem ar condicionado nem direção assistida e por isso um simples estacionamento em espinha serve para definir os braços e faz efeito sauna em dias de calor. É uma espécie de ginásio móvel. Houve uma altura que nem desembaçar os vidros ele conseguia, o que originava uma condução assistida a pano. O rádio tem um cd encravado e bastante entulho no porta-bagagens.

Estando muito tempo parado serviu como incentivo ao larápio: foi roubado pelo menos três vezes. Fui assim obrigado a perguntar a amigos e conhecidos se tinham visto um ET verde a circular nas estradas. Da última vez que foi resgatado pela polícia estava bastante maltratado. Apareceu com uma batida bastante significativa e desde esse dia a porta do passageiro nunca mais foi a mesma.

Apesar de ter mais de vinte anos, a chapa amolgada e borrachas a querem fugir ainda continua a passar nas inspeções e sempre que preciso dele nunca me deixou apeado. É mesmo um carro do outro mundo.     

 

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23.Set.18

Noite Luminada

“Porque não vamos amanhã em vez do café ao Lumina?”. Fui assim que começou a procura das luzes de Cascais.

Logo no início faltou-nos uma luz para nos mostrar um lugar para estacionar. Demos várias voltas, seguimos várias sugestões, encontrámos várias entradas de garagens mas nenhum sinal de um simples espaço onde coubesse o carro. A escuridão já estava a tomar conta do grupo e por isso foram lançadas várias frases de incentivo e de positividade. Alguém gritou: “Está ali um lugar!” e a condutora, numa manobra algo arriscada, lá conseguiu o tão ansiado lugar. Pode ser complicado mas no final ninguém apaga a luz que vem de dentro. O GPS indicava que estávamos a mais de dois quilómetros do Forte.

Quando chegámos ainda tivemos que atravessar um mar de gente para encontrar amigos que estavam junto a um prédio iluminado e esperar pela chegada de outros. Quando o grupo estava finalmente completo partimos rumo às luzes. Sem saber muito bem por onde começar seguimos em direção a umas bolas luminosas. Parecíamos ir contra a maré humana. Para a próxima vamos todos de colete refletor para não nos perdemos e fazer parte do espetáculo. Passámos ao lado de uma fila enorme para uma atração que tinha um relógio à entrada. Talvez servisse para mostrar o tempo de espera para entrar.

Vimos as bolas que balançavam e mudavam de cor, prédios iluminados, danças com bonecos coloridos e até uma cruz de uma farmácia mas nada bate os dois encontros imediatos que tive com o Miguel Ângelo em plena baía de Cascais. Ao passar um Delfim a noite não fica igual. 

 

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20.Set.18

Férias com os filhos... dos outros

De manhã recebo uma chamada do filho do meu vizinho com o seguinte pedido: “Toni, faz arroz que nós vamos aí almoçar!”. Eu fiz e eles apareceram. Quando o Miguel, que tem nove anos, e a Madalena, que tem quatro, perceberam que eu estava de férias insistiram com bastante veemência para eu ir com eles até ao Algarve. De noite já seguia no carro na companhia deles até Alte ao som de “Toy” da Netta e de “Coração Não Tem Idade (Vou Beijar) ” do Toy.

A atração número um em Alte no TripAdvisor das crianças foi sem dúvida o burro Baltazar que morava à entrada da terra. A romaria era tal que houve uma altura em que tive que dizer: “Alte e pára o baile!”.  Seguimos rumo ao AquaShow.

Nos parques aquáticos sinto-me sempre como um peixe fora de água. Andamos sempre pelas piscinas infantis e o pico de maior adrenalina foi atingido na piscina com ondas. Consegui não perder os calções.

Durante a viagem o Miguel ia metendo conversa com as pessoas que passavam por ele e a Madalena fez algumas birras complicadas. Tentei incentivá-los com um “Força Equipa!” e um “Vamos Equipa!” mas sem grandes resultados práticos. Eu e o meu vizinho parecíamos um casal do género Eduardo Beauté e o modelo escanzelado cujo nome agora não me lembro.

Nova viagem ao Algarve com amigos, agora a Portimão, que já estava marcada há algum tempo mas que por motivos de força maior o dono casa teve que levar a sua sobrinha de sete anos atrás. A Margarida estava a dar os primeiros passos como Youtuber e como tal usou o meu telemóvel para subscrever o seu canal e fazer likes nos seus vídeos. Conseguiu também a proeza de gastar mais de quinze gigas de internet móvel no telemóvel do tio.     

Com ela vi o “Paddington” por inteiro, bocados do “Peter Rabbit” e uns desenhos com a abelha Maia. Ensinou-me umas danças, ajudei nas construções na areia, corrigiu a minha maneira de falar, fez-me um desenho e ainda perguntou ao tio se não dava para levar um toni para casa. Quando ela crescer iria perceber que o que não falta por aí são tonis.

O meu irmão não tem filhos mas pelos caminhos da vida vou conseguindo encontrar alguns sobrinhos.

 

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17.Set.18

Regresso ao Trabalho Parte 343

Muitos este ano já passaram por este drama mas só agora é que começou o meu: Acabaram as férias.

Há que voltar à detestada aplicação do telemóvel de nome “Relógio” e ativar os cinco despertadores que nela se encontram. Provavelmente só o quinto fará o resultado indesejado. Durante as férias só por uma vez pensei em recorrer aos seus serviços com o objetivo de chegar cedo à praia. Rapidamente ganhei juízo e abandonei essa triste ideia. Talvez tenha sido sol a mais na cabeça.

Regressar ao trânsito para ir e voltar do trabalho e não para sair de um concerto do Quim Barreiros. Deixar de procurar por um retângulo na areia para estacionar e partilhar o sol e o mar com estranhos, para voltar à mesa de sempre e aturar os palermas do costume. Abandonar o castanho que recebi pelas horas acumuladas de sol e voltar ao tom branco vampiro. Se me chatearem muito até sou capaz de morder.

Para tentar minimizar o trauma pós-férias sempre se pode combinar uma party com os colegas fixes no rooftop do prédio, por a tocar aquelas cinco a seis músicas que passam em todo o lado, escolher o melhor spot para colocar uma piscina insuflável e brindar com copos de água do bebedouro enquanto se vê o sunset

 

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03.Set.18

Marcelo 24

O nosso Presidente Marcelo Rebelo de Sousa parece estar em todo o lado e nem de férias deixou de ser seguindo pela imprensa. Acredito mesmo que Marcelo merecia um canal dedicado exclusivamente a ele.

O canal Marcelo 24 informaria de hora a hora sobre o paradeiro do nosso Presidente e faria um resumo do que tinha feito até ao momento. Ao domingo haveria o compacto da semana com a escolha da melhor frase, melhor mergulho e melhor beijoca. Seria também eleita a melhor selfie enviada pelos telespetadores.

No canal, Marcelo exerceria funções de comentador de futebol, crítico literário, crítico de cinema e de gastronomia. Participaria no programa “Marcelo Responde” onde esclarecia todas as dúvidas de quem decidisse ligar. Poderia ter um concurso similar ao “Preço Certo” ou até mesmo ser um digno sucessor do Fernando Mendes.    

Marcelo 24, brevemente numa televisão e num streaming perto de si.

 

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