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Wait aí uma beca

A minha vida não é fácil

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20.Abr.22

Madeira Radical

Visitar a ilha da Madeira pode ser uma experiência bastante radical, a começar pelo voo de ida. O avião parte com atraso devido ao mau tempo na ilha. Ao aproximarmo-nos da Madeira, o comandante avisa que a velocidade do vento estava acima da permitida para fazer a aterragem. Sem conseguir aterrar, há que dar umas voltinhas no ar e quem estava sentado à janela teve assim direito a um tour aéreo pelas ilhas do arquipélago. Para juntar ao stress, o avião transportava jogadoras de futebol feminino equipadas com fatos de treino azuis. E eu que tinha visto recentemente uma série de nome Yellowjackets, sobre jovens futebolistas que sobreviveram a um desastre aéreo, mas que acabaram por praticar canibalismo para sobreviver. Casacos Azuis podia muito bem ser a versão portuguesa, passada nas Ilhas Selvagens e com espetadas humanas em pau de louro como prato dos dias. Felizmente o nosso piloto conseguiu aterrar e recebeu palmas por isso.  

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Conduzir na Madeira também é uma experiência radical. O Fiat 500 que alugámos foi um valente nas várias subidas que a ilha proporciona. Os limites de velocidade são meramente indicativos e o típico madeirense estaciona em qualquer lado. É como se todos os condutores usassem GPS, e no preciso momento em que ele indica que chegou ao seu destino eles simplesmente param a viatura, mesmo se for no meio da estrada, e vão às suas vidas. 

É praticamente impossível fazer alguns quilómetros e não atravessar um único túnel, o que é chato para quem gosta de ouvir rádio no carro. São tantos os túneis disponíveis que tornam a Madeira como o local ideal para a sequela ou remake de Pânico no Túnel, filme de 1996 protagonizado por Sylvester Stallone que tenta salvar pessoas que ficaram presas num túnel. Podia ser o primeiro filme de Cristiano Ronaldo, com banda sonora da irmã Katia. 

Na Madeira há que beber a poncha regional. Fomos ao Riquinho, uma tasca à beira da estrada, e bebemos no balcão uma deliciosa poncha, acompanhada por amendoins com casca. O local estava bem composto, com locais entusiastas da pinga, e um deles não teve qualquer pudor em se aliviar ao lado do nosso carro, conosco lá dentro. Fez o que tinha a fazer e lá seguiu a cambalear até casa. Uma experiência mais genuína que esta seria difícil.  

E claro, quem visita a ilha tem muitos pontos altos de observação. Eu, que não tenho vertigens, senti algum receio em estar na plataforma de vidro do Cabo Girão. Andar de teleférico também mete algum respeito, mas cheguei a utilizar um para visitar a Fajã dos Padres. Só me recuso a entrar num teleférico se nele lá estiver um grupo de folclore pronto para ensaiar o Bailinho da Madeira. Isso sim seria a derradeira experiência radical da Madeira. 

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