A luz da minha vida
Uma pessoa pensa que tem a vida mais ou menos orientada até ficar sem luz. O meu quadro sem motivo aparente disparava e assim de repente o meu mundo se tornava escuro e sombrio.
Fiquei sem luz a meio de filme de terror sem saber qual jovem iria sobreviver ao Bigfoot e houve uma noite em que a luz se apagou na precisa altura em que tinha uma pizza no forno. Felizmente a pizza conseguiu ir em direção ao meu estômago sem estar muito chamuscada.
Houve uma noite em que decidi ir ao cinema. Vi o Rosewater do Jon Stewart baseado na história de Maziar Bahari que esteve preso 118 dias no Irão por ser considerado um espião. Cheguei a identificar-me com o jornalista nas alturas em que lhe colocavam uma venda nos olhos.
Depois de alguns dias nas trevas a civilização chegou pelas mãos de dois eletricistas. Gastei uma vela de cheiro a maçã do Ikea e meia pilha de uma luz de bicicleta durante o período de negrume. A minha casa deixou de cheirar a um pomar sueco mas passou a estar iluminada. Essa noite dormi de luzes acesas.