A vice mosca
Por motivos de força laboral acompanhei o debate dos vice-presidentes dos Estados Unidos da América quase até às quatro da matina. Infelizmente já estava de pé desde as sete devido a um forte ataque alérgico.
O interesse de um debate de vices é sempre relativo. Um vice-presidente não deixa de ser um mero backup do presidente, pronto para assumir a presidência no caso de avaria do principal. Um vice é tão secundário que nem a “abençoada” Covid, que andou a passear pela Casa Branca, quis nada com Mike Pence.
O debate está prestes a começar. Sempre que ouço Kamala lembro-me primeiro do DJ, depois do lutador de wrestling dos anos oitenta que tinha uma barriga proeminente, e só depois da candidata a vice dos Estados Unidos. Acrílicos separavam os candidatos, o que aos olhos de Pence funcionavam como os seus adorados muros. Felizmente disponibilizaram comer e beber para os trabalhadores. A sandes de carne até não era mazinha.
Durante alguns bons minutos cheguei a descansar a vista. O grande momento do debate chegou quando o relógio marcava três horas e dezassete minutos, hora em Portugal Continental. Uma mosca aterrou na cabeça de Mike Pence e ele nem esboçou uma tentativa para a afastar. Pareceu mesmo haver uma certa proximidade entre ele e o inseto. A mosca pode muito bem ter sido enviada por Trump para aconselhar o seu vice. Na CMTV passava um filme com bolinha.
Eram quase quatro da manhã quando o debate terminou. Os experts disseram que foi empate, mas eu perdi umas quantas horas de sono. Acordei com a mosca.