Anda comigo procurar o avião
Já chegámos algo atrasados porque só quando entrámos na linha vermelha é que descobrimos que a estação do metro para o aeroporto estava encerrada. No ecrã das partidas nem sinal do nosso voo. Perguntei ao senhor da Ryanair e ele jurou que o voo não tinha sido cancelado mas que não sabia o porque de não estar a aparecer no ecrã.
Passámos pelo controlo sem problemas e quando voltámos a olhar para o monitor ainda não havia sinal dele. Será que estamos no dia certo? Será que me enganei numa letra e afinal marquei para Julho? Não terei reservado para dois mil e dezanove? Várias perguntas pertinentes passaram pela minha cabeça até à altura em que encontrei alguém da companhia aérea. O avião já tinha chegado mas devido a complicações no espaço aéreo só havia slot para levantar às seis e meia. O relógio ainda só estava prestes a chegar à uma.
Tinha tempo mais que suficiente para explorar o “enorme” terminal dois. Podia lembrar-me de comprar pastilhas, queixar-me do preço da água, andar às voltas com o carregador na mão até que alguém próximo de uma tomada se decida levantar ou até encontrar uma slot para o avião. Chamaram os passageiros do avião e entregaram um voucher de cinco euros e uma lista com os nossos direitos e as páginas web onde podíamos reclamar. A possibilidade de receber quatrocentos euros de compensação por um voo que tinha custado pouco mais de vinte euros parecia ser bastante fofinha. Senti bastante orgulho por ter conseguido comprar uma sandes e uma água e não ter ultrapassado os cinco euros. Uma hora depois lá conseguiram arranjar a dita da slot e sonho da querida compensação monetária foi direito ao triângulo das bermudas para nunca mais voltar.
O verdadeiro low coster não paga mais para ir sentado ao lado da companhia de viagem por isso ficámos separados. O meu lugar era junto ao corredor e uma senhora de parcas palavras ficou à janela. Não havia ninguém no meio. Rapidamente a senhora achou por bem colocar-se mais à vontade e esticar as pernas no lugar central. Tinhas as unhas pintadas de azul. À minha frente uma senhora já ia na segunda garrafita de vinho.
Ainda acabei por ajudar a vizinha do lado a tirar e transportar a sua mala para fora do avião e assim descobrir que ela era portuguesa e que o seu filho ter-nos-ia dado boleia se o voo não se tivesse atrasado.