Camarada Toni
A minha primeira vez no Avante. Partimos sexta à noite, rumo à outra margem, e o caminho mostrava-se vermelho. Uma avaria e um acidente depois, lá conseguimos chegar à ponte 25 de Abril, onde encontrámos a liberdade para prosseguir a nossa viagem.
O caminho do estacionamento até ao recinto está repleto de várias mini festas, quiçá boas after parties, e por várias vezes encontrei nas paredes a frase: “Salva o planeta queima o sistema”. Depois de alguns ziguezagues, chegámos ao local de entrada dos camaradas e onde um homem estátua supostamente levitava.
Existia a fome, por isso partimos logo em direção a uma região do país que tivesse boa comida e pouca gente na fila. Escolhemos um menu com carne de porco de alguidar, sem o recipiente, pão, queijo e imperial. Apesar de pouco ter comido e o copo da cerveja ainda estar meio cheio, o meu estômago começou a mostrar sinais de revolta. Pouco tempo depois, já estava numa cabine de casa de banho, a deitar fora o pouco conteúdo que tinha ingerido enquanto ouvia as palavras: “Camarada, tenha calma com a bebida!”. Passei o resto da noite com a marca da minha indisposição no centro da t-shirt, sem nenhuma peça de roupa para a esconder.
Quando tocava a Carvalhesa, o que era quase sempre o caso, os camaradas pareciam entrar numa espécie de transe, começando a saltar e a dançar ao som da música. Eu próprio comecei a sentir a necessidade de participar no estranho ritual. Talvez seja essa a grande arma do partido comunista para angariar novos militantes. Se tivesse participado nos três dias do festival já teria a Carvalhesa como toque no telemóvel, uma camisola com a inscrição “Fuck Capitalism” e uma foice na despensa. Não há mesmo festa como esta.
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