Confinamento, a quanto obrigas
No primeiro confinamento consegui evitar, mas tudo aponta que neste já não irei escapar: Vou precisar de cortar o meu próprio cabelo. Pareço cada vez mais o fruto da relação de um elemento de uma banda de covers dos Beatles com um cão de água. Há vídeos no Youtube que ensinam a cortar o próprio cabelo com recurso a fita cola, mas tudo me parece demasiado arriscado, inclusivé a inscrição no canal do cabeleireiro da internet. Sempre posso rapar o cabelo com a velhinha máquina que comprei numa loja do chinês, mas tenho a perfeita noção que o formato da minha cabeça não é compatível com um corte tão radical. Será uma boa altura para passar a usar gorro em todas as ocasiões.
Em casa vou passeando através das fotos que tirei em viagens sem covid e por tudo o que o Perseverance vai captando em Marte. No planeta vermelho não é preciso usar máscara cirúrgica ou PFF2, mas um fato espacial é altamente recomendado. Os Daft Punk já devem estar a caminho de Marte para gozarem a reforma. Em terras marcianas eu encontraria paz, sossego, calhaus e poeira vermelha, poeira essa que pode ser algo prejudicial à minha rinite alérgica. Nem em Marte eu escapo aos anti-histamínicos. O Perseverance ainda não detetou sinais de vida em Marte, mas captou o som de vento marciano, o que significa que esta altura não é boa para uma escapadinha de fim de semana. Mais vale ir comer um Mars sentadinho no sofá e rever o Perdido em Marte.