Dança como se tivesses dezasseis anos
Convidaram-me para ir ver David Fonseca a Oeiras. Ultimamente não tenho ouvido muito o David, não marca presença em nenhuma das minhas playlists no Spotify, mas estava com curiosidade de ver um concerto dele. Já há uns bons aninhos ele tocou num Sudoeste onde marquei presença mas já não me lembro se por estar retido no canal ou por estar demasiado alcoolizado ou até mesmo por um combinado das duas razões que acabei por não o ver.
Quando a minha boleia chegou perguntaram se eu sabia onde ficava o Jardim Municipal. Claro que não sabia. O GPS acabou por mostrar o caminho. Estacionamos algo longe do recinto. Apontei o nome da rua no caso de o regresso ser complicado.
A feira até era bastante grande com bastantes barracas e divertimentos. Havia uma piscina onde se podia circular dentro de bolas de plástico que me apetecia muito experimentar mas que alegadamente era só para crianças. Só conseguimos encontrar o palco quando o David começou a tocar.
As festas da minha terra costumam ser frequentadas por gandulos, novatos na arte da gandulagem e por polícia com uns ocasionais tiros para o ar. Por lá nunca senti que a minha carteira estivesse em risco de mudar de dono. Um casal sénior que decidiu trazer cadeiras de casa para assistir ao concerto. Havia pessoal a fazer bolinhas de sabão o que podiam pôr em risco o concerto se alguma delas fosse parar à boca do David.
O David agora canta muitas músicas em português. Uma mulher entrou em palco para um dueto.”Não sei quem é mas está gravida!” Exclamou uma espetadora. Também não fazia a mais pequena ideia de quem seria. Era a Márcia. O casal sénior só animou quando chegaram as músicas do Variações que muito provavelmente seriam as únicas que conheciam.
Perto do final lançaram um paraquedas para o público. Estive um bom bocado a segurá-lo, sem ver nada do que acontecia em palco até que um assistente de palco acabou por o recolher. Se fosse na minha terra alguém o tinha levado para casa ou o rasgado com a sua faca de estimação.
Se no início do dia a senhora do tarot dissesse que as cartas indicavam que eu ia acabar a noite debaixo de um paraquedas eu dizia para ela mudar de baralho. Acabamos por encontrar o carro porque tínhamos a perfeita noção que estava estacionado numa rua em Oeiras.