E pelo café na fila esperei
O relógio já estava perto das dezoito horas quando decidi ir ao bar e me deparei com mais de seis clientes na fila e apenas uma única empregada a atender. Por momentos pensei que estava nas finanças e procurei o local para tirar a senha para o café e o monitor para saber em que número vai e qual o tempo estimado para receber a minha dose de cafeína .
Esperar para ser atendido pode ser uma oportunidade única para conviver com outras pessoas e partilhar momentos de angústia e indignação. Havia quem olhasse para o relógio, quem perguntasse se a empregada precisava de ajuda e quem afirmasse que o arranjo do botão do seu telemóvel demorou menos tempo. Eu ainda aproveitei para confirmar com quem estava no pelotão da frente a minha presença no jogo de futebol de quinta à noite.
Um cliente acabou por voltar com uma fatia de bolo e ao bater com uma colher nela perguntou quando é que tinha sido feita. Parecia estar a bater numa pedra-pomes com alto risco de a colher se entortar. Disseram que o bolo foi feito hoje mas que aquela parte ficou mal cozida. Uma rapariga perguntou se eu era o último da fila.
Finalmente chegou outra funcionária para ajudar e a fila começou a andar. Chegou a minha vez e assim pude beber o tão ansiado café com direito a um pacote de açúcar que dava um bom dia a quem passou as passas do Algarve.