E quase tudo a Ana levou
Festa de aniversário em noite de tempestade. Quando saí de casa, a Ana estava a dar os seus primeiros sopros, ainda sem sinais de chuva. Parece que ela descobriu que Portugal foi considerado o melhor destino do mundo e como tal decidiu fazer uma visita noturna.
A ponte tinha que ser atravessada para chegar à outra margem. Sendo o meu carro um parente próximo de uma caixa de fósforos, foi algo complicado seguir a direito mas lá consegui atravessá-la sem visitar o Tejo. Cheguei ao local da festa convencido que a Ana era algo temperamental mas nada preocupante. Mal eu sabia que o pior ainda estava para vir.
Depois de comer, beber, por a conversa em dia e armar-me em David Guetta com a pen de outra pessoa, lá decidi fazer-me à estrada. O dilúvio estava à minha espera. Depois de perceber que a chuva não fazia questão de abrandar, arranquei e não mais olhei para trás. Eram caixotes do lixo derrubados, ramos de árvores no caminho e autenticas piscinas no asfalto que o meu carro precisaria de barbatanas do Michael Phelps para as atravessar. E depois disto tudo, ainda tinha que passar pela ponte até chegar à minha margem.
Atravessei-a tão devagar que até um runner desta vida me conseguia ultrapassar. Contra ventos e precipitações consegui chegar estoicamente a casa. O meu destemido carro nem uma única vez deu sinal que iria ficar pelo caminho. A Ana já terminou a sua visita e espero que não recomende Portugal a nenhum familiar.