Em busca do papel verde necessário para a circulação automóvel
Dia de levar o carro à inspeção mas não marquei hora. Esqueci-me que a hora do almoço costuma ser bastante concorrida por isso tive que esperar um bom bocado.
Quando ouvi a primeira matrícula lembrei-me que não sabia a minha de cor. Sempre podia arriscar e quando ouvisse uma chamada sem nenhum carro a se aproximar arrancava eu e se alguém reclamasse sempre podia alegar que escutei mal e tenho o carro há pouco tempo.
Havia quem aproveitasse para ler o jornal ou para dormir e sonhar que estão a conduzir o seu carrito com o quadrado verde no canto superior direito do vidro. Sonho esse que foi abruptamente interrompido pelo inspetor que bateu no vidro para avisar que tinha chegado a sua vez. Pelo aspeto do carro, tinha fita-cola no para-choques, o sonho teria poucas hipóteses de se tornar realidade.
Existem inspetores que levam muito a sério o seu trabalho. Há quem inspecione o carro como se estivesse à procura de droga, verificado ao pormenor por dentro e por fora em busca de qualquer sinal suspeito. Só falta montar o triângulo, vestir o colete refletor, trocar um pneu para ver se o suplente e as porcas estão em boas condições e depois lançar os cães pisteiros para investigarem o interior do veículo.
A mim calhou um tipo novo que não foi nenhum nazi da inspeções automóveis. Verificou os cintos de segurança, os stops, os piscas, não perdeu tempo no porta-bagagens mas ficou algum tempo a verificar as luzes frontais. Na altura de testar os limpa para-brisas liguei os da frente em vez dos de trás e esguichei água para os olhos do inspetor. Isto não vai correr bem.
Depois do resto dos testes realizados pediu para eu estacionar mais à frente e depois ir ter com ele. Apesar da minha esguichadela lá recebi o belo papel verde com uma anotaçãozita de “Deficiente regulação de máximos e médios”. Mesmo assim passarei a ter muito mais cuidado com quem me circunda antes de esguichar.