Há que levantar a cabeça e limpar a casa
Sempre que reparo que a minha casa precisa de uma limpeza dedicada, digo para mim que quando estiver de folga ela irá ficar limpinha, limpinha. Chega a folga e a vontade não existe.
Quando finalmente ganho coragem para começar a limpar a casa, os animais do jardim decidem fazer visitas. A gata Boneca decide que é um bom dia para entrar na minha casa e fazer uma tour. Apesar de ter comido há pouco tempo, vai miando, rebolando e roçando em tudo o que puder roçar. O labrador Oscar acha que é uma boa altura para eu chutar a bola. Se não lhe der atenção começa a choramingar e a cuspir a bola para dentro de casa.
Com os animais fora do caminho, está na hora de comtemplar, com horror, o estado da minha habitação. Limpar atrás do fogão é lembrar os almoços e jantares que tive por casa. Ao lavar o micro-ondas recordo-me daquele molho que pus a aquecer por um minuto e que a meio da viagem decidiu saltar do tupperware e cobrir o seu interior. Nunca deixo que os pequenos problemas me apoquentem. Só lavo a loiça quando ela chegar à minha altura.
O pó irrita-me solenemente. Eu lembro-me perfeitamente que ainda há três dias tinha passado o pano pela cómoda e hoje estava novamente carregadinha de partículas.Tenho meias para enrolar em cima do sofá. Se calhar é uma boa altura para guardar a ventoinha. Nas portas envidraçadas consigo ver as marcas da passagem dos filhos do meu vizinho, mas os vidros vão ter que ficar para outra altura. Já tive a minha dose diária de produtos tóxicos.