Mini China
As lojas do chinês já não são o que eram antes. Quando apareceram eram pequenas, com empregados que mal falavam português e produtos de marcas duvidosas, mas tinham preços acessíveis. Agora são quase todas Super, Hiper Mega China, com trabalhadores não asiáticos e produtos mais caros. Nos dias de hoje, ao entrar numa loja do chinês é mais difícil encontrar aquela máquina de cortar cabelo da marca Troika ou os auscultadores da Sónia, mas a possibilidade de ter um empregado que se dirige a nós em português do Brasil é maior.
Mas ainda existem as pequenas lojas, que conservam o espírito das pioneiras. Quando entras, está quase sempre um empregado ao telemóvel. Falam sempre muito alto, quase aos gritos, e ele até pode estar a dizer que acabou de entrar na loja o cliente do cheiro peculiar que tu não vais perceber nada. Quando começas a te distanciar da entrada é dado início à expiação.
Há quem não desligue a chamada e parta em perseguição, mantendo uma distância de segurança, mas sempre com linha de visão para o teu paradeiro. Existe também o funcionário que se “lembra” que tem de organizar as facas, que até estão no mesmo corredor onde tu estás. Claro que também há o empregado que não está minimamente preocupado em ser detetado, ficando parado a olhar para ti, a sorrir, sempre a sorrir. Quando finalmente escolhes o artigo que pretendes, a tua sombra continua a seguir-te, e por vezes até vai ao balcão para fazer receber o pagamento. O português deles até pode ser algo limitado, mas conseguem sempre explicar o porquê de não fazerem trocas.
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