Não venhas tarde
Ser pontual é complicado. São raras as pessoas que combinam uma hora e que efetivamente chegam na altura estipulada.
Quando me dizem que é para estar no café a partir das nove da noite, eu, contra o meu adn, aponto para as nove e meia. Chego ao local e não vejo ninguém. Subo ao andar e cima e nem uma viva alma conhecida. Fico algum tempo na entrada, qual porteiro, e o empregado pergunta se desejo alguma coisa. Digo que estou à espera de amigos. Não me arrisco a sentar numa mesa porque não sei quantos somos.
Vejo um lugar para estacionar mesmo em frente ao café e, como deixei o carro algo distante, decido que aquele espaço livre é meu e vou determinado até ao meu veículo. Consegui o lugar com vista para o café. Ainda não tinha chegado ninguém. Quando já começo a questionar se estou no local certo chega outro convidado. O organizador chega hora e meia depois.
Sendo quase sempre o primeiro a chegar, acabo por ficar a o conhecer melhor o local onde estou. Vejo com mais atenção a decoração dos cafés, a vegetação dos jardins e até acabo por ficar mais tempo sentado num banco à porta de uma igreja do que muitos acólitos. Existe uma forte possibilidade que noventa por cento dos organizadores dos eventos funcionarem no fuso horário dos Açores.