Natal é quando o meu horário quiser
O Natal é a altura do ano em que se juntam amigos e colegas para comer e beber. Tanto podes ir parar a Massamá ou à Estufa Fria que acaba sempre por haver um dose considerável de indivíduos alcoolizados.
Estacionar em Massamá é complicado e no sítio onde haviam bastantes lugares para parar estavam para lá de cinco tipos de aspeto duvidoso de volta de um carro a tocar música regional. Achei melhor estacionar noutro local que ficava quase a um quilómetro do sítio. Este Natal quero continuar a ter o meu carro vivo e funcional.
Fui o último a chegar porque trabalho por turnos e é complicado. Havia tanta comida na mesa que saímos todos a rebolar e ainda voltámos no dia seguinte para acabar com o resto.
Nos jantares de empresa ganhas sempre novos amigos que juram que és o maior mas que no local de trabalho nem bom dia te dizem. Aparecem os dançarinos que são fortes candidatos a acabar a noite com a gravata na cabeça, os fotógrafos não oficiais que querem tirar fotos com todos, os encostados ao bar que não querem ficar longe da bebida e têm uma vista geral da festa e as invasoras de palco que normalmente são mulheres com mais de 40. Há quem acabe a noite enrolado com a miúda que até parece gira na altura, quem acabe em cima da coluna na última música ou quem fique fora do recinto às voltas porque já não sabe onde é que deixou o carro.
O jantar era na Estufa Fria, a comida não era muito variada e como já cheguei algo tarde depois do segundo copo de vinho já tinha que gastar senhas. Felizmente há sempre alguém que vai embora cedo e dá as senhas ou aquele que arranja sempre mais senhas que o comum dos mortais e acaba por as distribuir pelo resto. Os GNR apareceram para tocar umas músicas e a faixa etária da pista de dança subiu drasticamente. Acabei por sair da festa à boleia do pessoal da iluminação antes que ficasse perdido na estufa.
O Natal também é altura do emigrante voltar às origens e juntar-se aos amigos. O casal que agora vive em terras de sua majestade marcou o ponto de encontro num café em Rio de Mouro e apareceram um número considerável de pessoas, desde a bebé sorridente ao queixoso da ciática e até o trabalhador por turnos marcou presença porque estava de folga. A polícia também fez questão de aparecer porque estávamos em Rio de Mouro e é normal isso acontecer.
A noite acabou a bebermos ginga enquanto ouvíamos a história do ninja de branco que passeava a sua espada pela serra de Sintra e o guarda noturno que não queria dizer quanto é que ganhava e não sabia usar o walkie-talkie.