Natal é quando os filhos do vizinho quiserem
Desde o final de Novembro que a capital do Natal deixou de ser a Lapónia e passou a ficar localizada na freguesia de Algés. O meu vizinho conseguiu arranjar quatro bilhetes e acabei por me juntar a ele e aos seus filhos na visita à terra mágica.
Logo na entrada perguntaram-nos se queríamos tirar uma foto de família com os bonecos de serviço. A partir daquele momento passei a ser um membro de uma família moderna. Os empregados falavam de uma maneira estranha.
O Miguel, com dez anos, e a Madalena, com cinco, começaram por dar umas voltas no carrossel, seguindo depois para os escorregas com bóias. Havia três escorregas, mas os miúdos não quiseram escorregar no maior. As próprias crianças é que tinham que arrastar a bóia até ao topo, porque no Natal há sempre algum trabalho infantil. Eu andei em todos os escorregas e fiquei orgulhoso por isso.
Decoraram biscoitos e passearam no comboio, mas não quiseram entrar no Palácio do Gelo, nem no ringue de patinagem. A roda gigante também não foi opção. Acabaram por passar a maior parte do tempo num insuflável. As poucas pessoas que andavam pelo recinto foram desaparecendo com o passar das horas. Cheguei mesmo a ver um senhor, encarregue de apanhar o lixo, com um semblante triste, a olhar para o vazio. Os visitantes eram poucos e asseados. Também havia empregados demasiado contentes por lá estarem. Cada um tenta sobreviver como pode.
No final do dia ganhei os carimbos da Alegria e Coragem no meu passaporte e ainda tentaram que eu ficasse com uma proposta para sócio do Benfica, que o Miguel ganhou na barraquinha do clube.
Algés ficará para sempre associada ao Natal.
O blog virou livro! Compre aqui.