Os dentes estão vivos com o som da broca
Dia de ir ao dentista é sempre complicado. Um dente que tinha sido arranjado há muito, muito tempo, deixou de o estar e por isso lá tive eu que ficar de boca aberta tempo a mais para um simples toni.
Perdi a conta ao número de instrumentos que foram usados, mas a utilização da bronca é sempre a mais marcante. Felizmente o meu lado direito não estava sensibilizado para essas mariquices. Ao fundo tocava uma música demasiado alegre para o trabalho em questão.
O dentista ia dizendo coisas que talvez fossem importantes mas que eu só percebia metade. Até fazia perguntas, como se eu estivesse em grandes condições para responder. Ele cantarolava e eu, de vez em quando, ameaçava que ia fechar a boca para acabar como a animação em plena tortura. Em Guantánamo também deve acontecer algo do género. No teto vi a luz.
Já perto do final, o dentista dizia para eu bater os dentes mas eu não os conseguia encontrar. Sai da cadeira com uma restauração direta definitiva em resina composta de quatros faces e o dentista ainda disse que eu devia voltar para ver outros dentes problemáticos. Sádico.
A consulta acabou na hora de almoço e fui logo ao supermercado comprar um gelado de cheesecake de limão, porque sempre me disseram que é o que se deve de comer depois de uma consulta de dentista. Com a anestesia ainda a fazer efeito, a minha boca à procura de comida parecia a GNR à procura do Pedro Dias.