Para o ano é que é
Esta época o Sporting jogou muito e bom futebol e fez-me acreditar, o que há muito não acontecia, que no domingo estaria numa rotunda desta vida algo embriagado, em tronco nu e com o cabelo verde e branco a comemorar, mas infelizmente não estive. Acabei por ficar à espera que as rotundas ficassem desocupadas para poder rumar a casa e ouvir música clássica.
O dia seguinte tinha tudo para ser complicado. Logo pela manhã estranhei o sossego no jardim. O Oscar só apareceu já depois do meio-dia muito pastelão, mal conseguindo abocanhar as bolas pretendidas. O raio do cão deve ter estado no Marquês.
No meu posto de trabalho tinha um cachecol do Benfica à minha espera. Ia ser um turno longo. O meu trabalho é ver notícias por isso não tinha como escapar à maré vermelha. Sempre que podia, saía do meu local para me hidratar ou simplesmente para dar uma volta mas acabava sempre por encontrar nos corredores um benfiquista para dar os parabéns.
O tempo passava vagarosamente e de tanto ouvir as palavras “Benfica”, “tricampeonato” e o número 35, fiquei com comichões e tonturas. Comi uma fatia de bolo de uma aniversariante que não conhecia só para dar forças para o resto do turno.
Mas nem tudo foi mau. Fiquei a saber que o filho do meu vizinho, a quem eu tinha prometido uma caixa completa com cromos do Euro 2016 se o Sporting fosse campeão, foi para o estádio da Luz a desejar que o Sporting fosse campeão. Para o ano é que é.