Passas por mim
Uma pessoa até pode nem gostar de passas, mas a tradição exige que se comam doze, acompanhadas pelo mesmo número de desejos.
Doze desejos são muitos desejos. Não basta libertar a Miss Universo que existe em cada um de nós, ao desejar o fim da guerra e da fome no mundo, para que a tradição seja cumprida. Repetir desejos não resulta de todo. Já comi várias passas de uma só vez, apenas para desejar um Sporting campeão e mesmo assim no final do campeonato não fui para o Marquês comemorar. Talvez seja preciso escolher a maior passa do pacote para que o ano seja verde e branco.
O ideal seria fazer, com alguma antecedência, uma lista e quando a rolha do espumante bruto saltasse da garrafa, era só tirar o papel do bolso e começar a desejar um ano fantástico. Mas quando chega a hora H, o teu grupo de amigos decide sair para ver o fogo-de-artifício e começas logo por desejar ter trazido luvas e um gorro ou estar em casa a ver o fogo-de-artifício da Madeira de 2016. O álcool no sistema é considerável e quando dás por ti já não tens passas na mão e não te lembras do que pediste para 2019. E como te esqueceste de usar umas cuecas azuis novas, o mais certo é nenhum dos teus desejos se realizar. Para o ano é que é. Bom Ano!