Não é fácil trabalhar num local sem janelas. Um simples rectângulo com vista para a rua, que até pode apenas estar virado para o parque de estacionamento, faz toda a diferença. Mas infelizmente as únicas janelas que existem estão nos sistemas operativos dos computadores. As escassas notícias que vou recebendo acerca do tempo chegam através dos colegas que começaram o turno depois do meu. Começo a pensar em utilizar uma das curtas pausas que tenho, apenas para me dirigir ao piso (...)
Muitos este ano já passaram por este drama mas só agora é que começou o meu: Acabaram as férias. Há que voltar à detestada aplicação do telemóvel de nome “Relógio” e ativar os cinco despertadores que nela se encontram. Provavelmente só o quinto fará o resultado indesejado. Durante as férias só por uma vez pensei em recorrer aos seus serviços com o objetivo de chegar cedo à praia. Rapidamente ganhei juízo e abandonei essa triste ideia. Talvez tenha sido sol a mais na (...)
A segunda-feira é o dia da semana mais odiado no planeta e traz consigo grandes doses de sonolência e desânimo, o que pode afetar seriamente a produtividade do trabalhador. Por isso é que todas as segundas-feiras nas empresas deviam ser as segundas-feiras do café. A empresa colocaria ao dispor do trabalhador uma grande variedade de cafés, descafeinados, açucares, adoçantes e paus de canela. Poderia assim haver dias de café dos mais variados locais do mundo como o sul da Etiópia, (...)
Ir trabalhar doente pode ser complicado mas é a grande oportunidade de uma alguma vez ser mencionado na Wikipédia como paciente zero. Era uma empresa normal como todas as outras, até que um dia uma tosse persistente começou a se alastrar e com ela trouxe mal-estar, secura e procrastinação. No dia seguinte o edifício inteiro se encontrava vazio, nem uma bola de feno circulava por lá. Foi um toni que os infetou. “Eu só queria deixar doente alguns diretores e o Jorge que me rouba o (...)
A vida de um trabalhador de Agosto não é fácil. Quando meio mundo está na praia ou na piscina, agarrada uma cerveja fresquinha ou a um flamingo cor-de-rosa, o trabalhador de Agosto está no seu posto a consultar as redes sociais, na esperança de receber, via telemóvel, uma réstia de liberdade, e agarrado ao seu copo de água, pelo qual esperou uns bons 3 minutos, porque há quem decida levar garrafas de litro e meio ao bebedouro para encher.
Até que numa tarde, na fila do (...)
Trabalhar apenas um dia com poucas horas de sono é complicado, vários já é considerado um desafio. As horas de sono a menos funcionam como os pontos das gasolineiras: vão acumulando e no final o prémio não é grande coisa. Chegas ao trabalho e ouves os comentários: “Não estás com bom ar!” e “Abre os olhos!”. Ao passar nos corredores és capaz de cumprimentar efusivamente pessoas que mal conheces. Só passado um tempo é que percebes que o elevador não está a andar (...)
Dezembro é o mês da restauração. Toda a gente decide combinar jantares nesta altura e os restaurantes agradecem. Há sempre um jantar num restaurante de comida oriental. Estava marcado para as nove no chinês mas há quem apareça só uma hora depois porque o GPS não quis aderir à quadra festiva. Durante o jantar foram gravadas autênticas longas-metragens que, na ínfima possibilidade de ficar famoso, poderão danificar a minha reputação quando forem transmitidos na CMTV. Nos (...)
Ter que colocar o despertador para acordar num feriado é desumano. No dia em que as pessoas “normais” podem prolongar a sua estadia na cama, eu tenho que decidir se levo vestido para o trabalho o casaco mais quentinho ou o edredom.
Chego ao trabalho e dirijo-me ao bar. Ao pagar o café, em vez de chegar à frente o euro, empurro a colher e o pacote de açúcar que tirei dos cestos. O meu cérebro ficou em casa na ronha.
Há pouca gente a circular nos corredores mas andam crianças (...)
Um sábado à noite para um trabalhador por turnos pode muito bem significar uma noite de trabalho. Deixa de ser preciso vestir a camisa que ainda tem por estrear e usar o Denim Gold que recebeu no Natal, mas não convém se desleixar muito. Ir para o trabalho com o pijama que foi oferecido pela avó e com as pantufas do Chewbacca calçadas, poderá não ser a indumentária ideal para exercer funções. Não existe a preocupação de levar o carro e beber porque no trabalho “ir para (...)
A trabalhar na noite do Rio Ave x Sporting. Também tinha estado a laborar na noite do Real Madrid x Sporting. A minha vida não é fácil.
A equipa que tinha feito uma grande exibição em Madrid perdeu por três a um em Vila do Conde. Até ao final da noite laboral ainda tenho que ouvir os comentários do jogo e ver os golos. Vou comendo bolachas tostadas para combater a depressão. Os meus colegas vão perguntando se ainda estou vivo.
No dia seguinte o meu vizinho pergunta se (...)