Um dia complicado
Acordei primeiro que o despertador, o que é uma coisa rara. Sorte a do Oscar que mal eu subi o estore se disponibilizou para ir atrás da bola que tinha escolhido para hoje.
Fui almoçar a casa da minha avó. Pusemos a conversa em dia, contou histórias de pessoas que mal conheço e tirei uma foto às orquídeas dela para partilhar no Facebook . A minha avó diz que é preferível eu partilhar fotos das suas flores do que de animais que não são meus. Ela não tem Facebook mas a minha tia vai-lhe dizendo umas coisas.
Quando lhe disse que gravei um programa de rádio ela disponibilizou-se para o ouvir. Na altura que disse que não passei música portuguesa ela fez-me um mesmo olhar desapontado que faz quando me fala que está na altura de constituir família.
Cheguei a casa e aparece-me o filho de 5 anos do meu vizinho de cima com uma bola na mão. Começamos a jogar à bola no jardim e o Oscar decidiu também entrar. Já espumava da boca mas não queria parar, talvez pensado que se fosse parar ao céu canino estariam 72 bolas virgens à espera. Pela saúde do cão paramos o jogo.
O filho do meu vizinho, não satisfeito, entra dentro da minha casa e usa o meu computador para ouvir músicas do Agir. O tipo tem uma música de nome “Deixa-te de merdas” e o miúdo começa a dançar e a cantarolar a letra que sabia quase de cor. Agora o Youtube vai começar a sugerir que eu volte a ouvir o raio do Agir. Entretanto aparece a mãe com a filha de um ano que a puxa em direção da minha casa. Tão pequena e já ganhou o hábito familiar de invadir a minha casa.
A mãe e filha foram à farmácia e o miúdo insistiu em ficar. Fomos novamente jogar à bola mas já sem o Oscar. Um remate colocado embateu no meu pé, fez riverdance e foi parar à vizinha do lado. Fomos pedir a bola e a vizinha exclamou que há muito que não recebia a visita do miúdo. Ele disse que ainda há pouco tempo tinha lá estado. Das duas uma, ou a senhora, que já tem uma certa idade, já não se lembra ou então saltou o muro para ir buscar a bola.
A mãe acabou por chegar e eu finalmente fiquei livre. Livre mas com um chinelo que a mais pequena decidiu deixar na minha casa.