Um quarto e cinco desconhecidos
O relógio já passa das duas da matina e vou passar a noite num quarto com cinco desconhecidos. Entro com uma grande vontade de acender a luz e desejar uma boa noite aos ocupantes mas este ato de grande civismo poderia ser mal interpretado. Numa das camas de topo encontra-se uma jovem de volta do seu telemóvel, o que me providenciou luz suficiente para descobrir o meu cacifo, com um cadeado pouco fiável, e a cama.
Calhou-me o lugar de cima de um beliche, o que complicou a logística do evento. Lá no alto consegui tirar a roupa, colocar os lençóis e pôr o telemóvel a carregar. A carteira ficou junto a mim, não vá alguém decidir fazer um levantamento noturno. Na outra ponta do quarto uma luz insistia em permanecer acesa. Estávamos a ser filmados. Espero que consigam captar o meu melhor dormir.
Antes de adormecer assalta-me uma questão pertinente: E se eu acordar com vontade de fazer xixi? Teria que descer a escada, apalpar caminho até à porta do quarto e depois circular pelo iluminado hostel até encontrar a casa de banho partilhada. Quando voltasse dessa pequena aventura, todos os vestígios de sono já teriam desaparecido. Consegui adormecer e acordei com o despertador do desconhecido número 3. O número 5 ainda ressonava. Decidi aproveitar os sinais sonoros e seguir caminho.
Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye desconhecidos.